sábado, setembro 30, 2006

O Esvaziamento das Máquinas Automáticas... (Book Vending Machine) das estações do Metrô

****Book Vending Machines at São Paulo Metro Stations****

Dia desses, observei em várias estações do Metrô daqui de Sampa, que andaram esvaziando os livros que estavam sendo expostos e vendidos nas máquinas automáticas.

Sim! Finalmente quando pensei que em nossa terra já tínhamos civilização e cultura suficientes para implantar essas fantásticas máquinas automáticas de vender-qualquer-coisa vendendo livros, outrora eu ficara muito satisfeita, pensando: como nos países de primeiro mundo, vende-se livros em estações de trem, sinal de evolução de formação e mentalidade crítica!

E pasme o leitor que pensa que ali se vendia coisas folhetinescas... não! Já vi expostos ali livros compactos de filosofia, como O Príncipe de Maquiavel, Dostoieviski, passando por manuais de auto-ajuda, mini-guia-do-Orkut, e até coisas maravilhosas de história medieval como Os Templários... E tudo isso vendido ao preço módico de R$4,99. Sim, cinco reais menos um centavo! Um preço irrisório para o consumo costumeiramente tão caro de cultura.

Eu mesma já me servi de comprar livros nessas máquinas. Insere-se uma nota de cinco reais; acendem-se os botões com números de 0 a 9; aperta-se o número correspondente ao livro desejado; pronto! E o livro cai no vão inferior, onde o consumidor põe a mão e apanha o livro. Detalhe: na capa do livro já vem uma moedinha de um centavo de real colado com fita adesiva... vem com o troco! E vem inclusa uma embalagem para presente. Maravilha! Que fácil!

Hoje, na verdade nessa semana, observei, então, que tais máquinas automáticas foram todas esvaziadas. Pensei: será que vão reabastecê-las com outros novos títulos? Êbaa! Ou será que vão recolher as máquinas todas?

Lamentarei muito se forem retirar. Porque eu já vi várias pessoas, como eu, que enquanto esperam o trem na plataforma, resolvem se distrair um pouco, nutrindo a massa encefálica com uma sopinha de letras. E compram os livros. E tudo muito automático, prático e barato.

Será que isso é o reflexo do besteirol que o "4-dedos" recentemente teve a capacidade atroz de proferir: "ler é muito chato!"... Onde já se viu? Que futuro esperar de um país cujo governante pensa que "ler é muito chato"?? Ainda que ele pensasse, jamais deveria ousar dizer isso em público!

Pensem bem... para que nesse domingo, dia 1/out/6... um apedeuta semi-analfabeto não seja novamente investido de poder para contaminar com burrice, ignorância e preguiça, a mentalidade da pobre e perdida sociedade brasileira.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Elizabethtown (2) algumas cenas...

Elizabethtown: algumas cenas e capítulos...

No primeiro blog sobre o filme, não quis adiantar a estória, apenas versei sobre a moral do filme. Nesse momento, talvez você já o tenha visto, então neste de hoje quero registrar minhas reflexões acerca de algumas cenas ou capítulos em especial. Fico receptiva a todos os comentários seus, cada qual com a sua interpretação...
As cinzas que Drew vai espalhando pela América - na parte da longa viagem de carro de volta para casa que fará carregando as cinzas, Drew segue rigorosamente a rota projetada no "roteiro/mapa" de Claire; nos lugares mais marcantes a que vai, ele espalha um pouco das cinzas: no Rio Mississipi, na frente do hotel onde foi assassinado Martin Luther King, entre outros. Aqui, a minha leitura é de como o americano ama suas paisagens, a sua história e ama, sobretudo, ser patriótico, ao ponto de amalgamar as cinzas à paisagem histórica do país. Isso do ponto de vista sociológico. Mas psicologicamente, essas cenas das cinzas às paisagens me remeteu à generosidade do personagem de Drew, que vai realizar com o pai em cinzas, a grande viagem pela estrada que ele queria ter feito antes, com o pai em vida, "levando" seu pai a todos os lugares, literalmente. Uma das cenas mais marcantes do filme, onde nenhuma é previsível.
A longa jornada de carro de volta para casa - Esse é o capítulo final, em que Drew aceita seguir o mapa de viagem elaborado por Claire. Dela faz parte as cenas das cinzas espalhadas pelas paisagens. O que mais me despertou atenção nesse trecho, foi a excelente descrição que Claire faz dos lugares que ela sugere visita. É o tipo de marketing inteligente, em que o enredo vai sendo tecido de forma espetacular, porém despretensiosa, só que a fotografia e a narrativa me "sugaram" completamente, despertando em mim uma curiosidade repentina de fazer o mesmo percurso, na ordem que ela propõe, da forma como ela propõe. É um guia oferecido por quem já esteve nesses lugares, indicando onde ir, o que comer, o que comprar, tudo isso de maneira leve, quase despropositada. Mas muito, muito atraente. Depois disso tudo, gostaria muito de um dia fazer essa pequena jornada, pra ver as paisagens tais quais estão descritas, marcantes, imprescindíveis de serem visitadas.
Capítulo do "Memorial" - Em Rapsódia de Agosto, de Akira Kurosawa, mostra um capítulo sobre o ritual de velório dos japoneses, em que é servido aos visitantes um pouco de alimento: bolinho de arroz, chá, sopa, para tornar a longa despedida menos fatigante. Assim como em Rapsódia, em Elizabethtown temos um capítulo dedicado ao ritual de homenagem ao falecido, antes do enterro - uma espécie de velório-homenagem, em que os presentes fazem uma despedida, com discursos de agradecimentos, de memórias passadas, músicas que eram de gosto do morto, música ao vivo, tudo para tornar a despedida um momento inesquecível, único, marcante. Isso mostra um ritual cultural dos americanos do sul, e mais precisamente, nesse filme o da pequena cidade de Elizabethtown (ou Etown), que fica em Kentucky. Sinceramente, não sei até que ponto toda a forma ilustrada ali seja factual ou fantasiosa, mas independentemente disso, a visão de despedida e homenagem de um cerimonial de passagem é, no mínimo, muito curiosa. Pesquisarei para saber se na vida real é feito tudo dessa mesma forma.
Capítulo do Memorial (II) Cena da homenagem de Holly Baylor ao marido - Susan Sarandon é Holly Baylor e nessa cena ela sobe ao palco para prestar sua homenagem ao marido. Receosa pela suposta "intolerância" dos Baylors por ela ter "tirado" o marido de Kentucky e o "levado" para a Califórnia, Holly explica que havia enviado o filho justamente pelo receio da rejeição. Ela divaga sobre o que restou da sua vida, após a morte do marido e conta situações inusitadas que enfrentou desde então, conseguindo atrair a atenção de sua platéia. Ela os cativa, todos a ouvem. Finalmente, ela dança "Moon River" sapateando, coisa que ela conta ter aprendido depois da morte dele. E realiza o próprio sonho dedicando a música e a dança ao marido. Dançando leve e linda, arranca aplausos entusiasmados de sua platéia, agora já unificada em torno do homenageado. Do ponto de vista emocional/psicológico essa cena permeia os anseios do núcleo familiar composto por Drew, sua irmã e sua mãe, sobre uma recorrente discussão sobre eles optarem pela cremação, contra o desejo da família do marido de enterrá-lo tradicionalmente em Elizabethtown. Houve uma tensão que liga o filme desde seu início até o momento em que será o "enterro". Drew segue apreensivo, observador, até que aos poucos, tudo se transforma em um grande momento de saudades, de declarações de amor, de companheirismo, de simpatia e empatia, e até de uma grande alegria, tornando a despedida a Mitchell Baylor algo menos doloroso possível e com o espírito divertido que o mesmo vivera.
Realmente... um filme sensacional!

domingo, setembro 17, 2006

Insight - frases

Registrarei meus "insights", desse final de semana, produtos de tanto filosofar...



"Da percepção nasce a necessidade, e da necessidade, a atitude."
(Betty Nishi - 15/9/6)



"Paixão é fogo que arde e que um balde de água apaga!" kkkk...

(Betty Nishi - 17/9/6)

sábado, setembro 16, 2006

Elizabethtown - the movie of my lifetime!

Elizabethtown - the movie of my lifetime!
It´s now 3:45A.M. almost Saturday morning. Today I´ve had a hard day. And I really felt like chatting a little to someone nice & easy, always funny... to relax and feel comforted ´cause the day was pretty stressing! But then I saw on the shelf a DVD that I had just bought from the Blockbuster´s used dvd corner this week... and I bought it very cheap not even knowing about the film itself. I just knew it was a beautiful story. That´s all I wanted: a beautiful story. That´s what I need in my life: a beautiful story. To win the demons and all negative energies around, what do I need? A beautiful story! Very simple, as life should be. (People make it complicated, huh?) Then, I decided to watch it.
Well, then let me tell you that I won´t tell the plot... of course. ´Cause I want you to watch it. And watch it more than once, if you can. (I`ll do it, once I bought the DVD!) All I can write about here is the moral of the story, the message contained in it... (that´s what I really like about movies... I love those that make me reflect about life, people, attitudes...) And we can see throughout the whole movie that many feelings derived from unexpected situations come out all together: frustration, suicidal feeling, sadness, boredom, despair, solidarity, union, companionship, friendship, love, love, love, love, love, love...
Now the scenes come to my mind in a flashback, but I´d rather not telling you the plot, which would be easier to me to make you understand the mixed up feelings I had and, what really matters to us morally while alive.
For most people that have commented this movie to me, it has been interpreted as "just" an ordinary story about a small town and the conflicts involving it. I really doubted it. Somehow I knew beforehand that the story would impress me. The fact is that Orlando Bloom and Kirsten Dunst were amazingly captivating on the scenes... we could see real feeling in their eyes. This helps a lot to make you understand what the feelings are all about. Well, the storyline invites you to think about how small gestures of goodness and companionship and love from many different perspectives are important to change somebody else´s feelings and destinies. While watching this, you feel yourself identified in many similar thoughts and you´ll probably have same kind of reaction as the characters do. It´s amazing how an apparently simple story (but a great plot), which may even take place anywhere in the planet, may rise such a complex range of feelings inside. And scene after scene, nothing is predictable, all is surprisingly new, and charming, and beautiful... as life should be faced. The original sound track is "the" one, fitting absolutely perfectly to background the scenes and the people. Susan Sarandon is touching, wonderful, delightfully sensitive, as well as Orlando and Kirsten. And all other actors and actresses too!!!
This is my movie! This is what I want to do to my life: to be simple, good, funny, full of affection and smart! Last part is absolutely wonderful: "why haven´t I done this to my life too?"
It´s just beautiful, as life should be! As life can be! As my life will be!

quarta-feira, setembro 13, 2006

Metade (Oswaldo Montenegro)

Metade (Oswaldo Montenegro)

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
e a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimento
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

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Ouvir essa música/poema na voz de Oswaldo Montenegro, na madrugada de hoje, foi uma das coisas mais indescritivelmente tocantes que experimentei. Me permiti deixar fluir umas pequenas gotinhas de lágrima, inquietas mas discretas, contidas, mas puras, carregadas de sentido e de sentimento... especialmente, mas não exclusivamente, pela narração de Montenegro.

Obrigada ao silêncio, permitindo que no vácuo ecoasse tão bela canção.
Betty, 13/9/6

quinta-feira, setembro 07, 2006

As "páginas azuis" e seus "scraps"


Hoje, madrugada de feriado de Independência, é uma boa oportunidade para debruçar-me no teclado e traçar aqui algumas reflexões... É sobre as "páginas azuis", como as chama um colega de blog, o Orkut e seus "scraps" que ali postados causam desde pavor até paixão! Definitivamente as famigeradas postagens nos causam um sem-fim de sensações. Pessoalmente, tenho por política manter ali somente as mais marcantes ou porque a pessoa que a postou reapareceu do além, ou porque o conteúdo da mensagem é muito significativo ou porque a forma (e a estética da escrita) é encantadora... Quanto ao resto: postagens que eram recados para determinado evento ou data, passou, apaguei; ou até mesmo recados inconvenientes, provocantes ou comprometedores: óbvio, apaga-se.

Tem gente que apaga tudo: não quer expor a privacidade de jeito nenhum. E tem aqueles que deixam de tudo: até o cocô do cavalo do bandido permanece lá, ad eternum. Oras, se é úm mural público, é natural que queiramos dar "aquela" espiadinha. Então: aí entra o tal turbilhão de sensações em que nos envolvemos. Você lê uma recado que é uma resposta, então vai e clica na pessoa que a postou para ver qual era a pergunta... uma coisa simples, todo mundo o faz. É assim que os navegantes vão descobrindo as estorinhas. Daí a pergunta: por que se expor tanto, por que não se apaga certas intimidades dali, por que se deixa tudo quanto é besteirinha... e pensei que só pode ser a)por preguiça de apagar; b)por desleixo, nem sequer abre mais o Orkut para ler os recados; c) para provocar os leitores ou algum "certo" leitor que se sabe que virá a ler o que está escrito e deixa ali, de propósito; ou ainda d)por baixa auto-estima, de certa forma, acumular 4,598 recados dá um ar de ser querido ou desejado, ou requisitado...

Não importa qual seja a razão, para mim, já foi causa impetuosa de término de amizade e até de namoro sólido. Na amizade, uma "amiga" se dizia minha amiga e dizia que não gostava de um desafeto meu; na página do meu desafeto, ela diz lá que a adora, etc e tal. Você dirá: "não tem problema, é só um scrap, ela pode não estar querendo dizer nada...", não, pra mim isso já é o suficiente para a perda da confiança, ou ela estava mentindo para a outra ou para mim, não serve para amiga. E namoro, nem me fala... eu mesma insisti para colocar a corda no meu pescoço, quando logo depois surgiria no mural de recados dele um recado de uma fulaninha amiga dele dizendo insinuações sensuais, dando a entender ao leitor que eles tivessem tendo algo... Que choque! Foi uma briga, talvez a primeira e a maior, que veio a abalar a confiança até então solidificada.

Contudo, eu me recuso a achar que não haja nenhum fundo de verdade em tudo o que está postado. Há sim. É que se questionados, a saída é dizer: "a fulana tá maluca, nem sei do que se trata..." Se é que não há nenhuma importância no conteúdo, então delete, faça-o inexistir, ou então a pena será levar o leitor ao entendimento e à interpretação que se quiser dar. Está ali, querendo dizer algo...

Recentemente acreditei em uma estória da carochinha e num conto do vigário. Sim, eram até pessoas conhecidas, em quem outrora eu já houvera depositado confiança cega, inquestionável, imaculada. Eis que numa postagem que eu ia deixar, descobri outra na mesma página que me levou a querer conferir a estorinha... ihihihi... não prestou, claro... várias "verdades" até então ditas se transformavam em "duvidades"... Pronto: confiança abalada.

Mas ainda bem que os abalos acontecem, pois servem justamente pra nos prevenirmos do que virá lá na frente. E, principalmente, para descobrir o que há por trás da bela máscara.