sexta-feira, novembro 19, 2010

Muito obrigada, papai!




Hoje ganhei mais um prêmio de reconhecimento de trabalho. Tenho mantido boa média, 6 prêmios em 6 semestres. Só que hoje, mais do que em outras vezes, refleti muito e resolvi dedicar o mérito do prêmio sobretudo aos meus pais, que nos deram toda a educação e a formação ética e profissional, e principalmente meu pai com quem trabalhei desde os 4 ou 5 anos de idade, vendo-o na lida árdua, diária, sob chuva, sob vento, minhas memórias são sempre as de vê-lo dar a vida pra nos dar do melhor. Eu ia junto com ele para a feira, aos finais de semana, subia num caixote de madeira e me encarregava da cobrança, de dar o troco. Aos 5 ou 6 anos de idade, eu sabia dar troco para qualquer valor, num tempo e numa circunstância em que não utilizávamos computador, caixa registradora, e nem calculadora. Tudo na raça. Ao mesmo tempo, via como ele treinava seus funcionários e exigia deles o máximo de dedicação, ele sempre muito crítico. Como eu queria agradá-lo, eu também me mostrava o mais dedicada possível, para ser a melhor funcionária de meu pai.

Devo fazer um parênteses (num parágrafo), contando que na semana passada, no feriado de Veteran´s Day, tomei um ônibus em Santo André, indo para a Av. Paulista, e o motorista me reconheceu dizendo meu nome. Logo reparei nele e lembrei-me que foi um dos funcionários que mais tempo trabalhou para o meu pai. Ele ficou tão entusiasmado em me encontrar, e logo disparou: - Queria que você dissesse ao seu pai e à sua mãe, que eles foram os meus melhores patrões. Eu era jovem, não tinha juízo, não era conhecido deles, mas eles confiaram em mim, e eu digo isso porque sou negro e só eu sei como era difícil arranjar emprego por ser negro, e no entanto seus pais confiaram em mim, me ensinaram a trabalhar, por muitos anos ficava encarregado de tantas coisas na ausência momentânea de algum deles. E hoje posso afirmar que tenho orgulho de ser quem sou, que sou excelente e honrado trabalhador, e tudo isso graças aos ensinamentos que seu pai e sua mãe me deram quando fui funcionário deles." Isso encheu meu coração de orgulho. Pedi-lhe para registrar o reencontro com uma foto dele, para que eu pudesse mostrar aos meus pais. Hoje em dia, o Jair já é um senhor de 50 e poucos anos de idade. Pai de família, avô, trabalhador honrado. Fiquei feliz por ele ter me falado aquelas coisas sobre o meu pai.

Meu pai sempre teve mãos de ferro para nos orientar. Tudo nos trilhos. Estudos em primeiro lugar. Trabalho é coisa para se fazer sempre o melhor, com ética e honestidade, também dedicação integral.

Nunca achei ruim, muito pelo contrário, eu sempre soube que estava recebendo o melhor dele.

Hoje quando subi naquele tablado pensei no meu pai. Obrigada, pai!