sábado, maio 07, 2005

A tênue fronteira entre a "brincadeira" e a "perversidade"

Hoje me peguei remoendo dores do passado... sei que não é lá coisa saudável, mas é invevitável em mim, uma taurina... obstinada... teimosa... cabeça-dura...
Queria contar sobre a minha percepção acerca do que mencionei na epígrafe acima: a tênue fronteira entre uma "brincadeira" e a "perversidade" que reside por trás da primeira.
Certa feita, eu saí como de costume, sozinha, e encontrei a "turma" no clube de sempre. Lá vejo um amigo confidente. Bom, tal amigo chegou acompanhado de uma amiga (lembrem bem dela...). Eu me entretia ali com velhos amigos, conhecidos também desse primeiro amigo confidente. Pois bem, esse amigo, confidente, sabia bem de meus sentimentos acerca de um rapaz que freqüentemente estava nas minhas rodas, e por quem eu nutria um sentimento especial. Mas meu amigo confidente era contra ele, julgava-o um imprestável, um galinha, um ser insignificante e desprezível. Assim meu amigo o julgava. E não lhe importava meus sentimentos.
Nobre era seu sentimento em querer proteger-me... sim! Devo levar isso em conta antes de tudo... Mas então vejamos o que se seguiu. Depois de maldizer sobre o tal rapazinho, meu amigo teve a "brilhante" idéia de irmos, depois do clube, tomar café numa certa padaria descolada nas proximidades. Curiosamente, chamou o tal rapaz com quem ele tanto antipatizava. E deu a "brilhante" idéia de irmos os quatro no meu carro. Eu dirigia. Aí... Ele pôs a amiga liiinda no banco de trás e meu amiguinho juntos... os dois no banco de trás... E meu amigo confidente sentou-se na frente. Não muito tempo depois, ela, toda linda, vestida com uma mini-saia sugestivamente curta, colou nele e não se demorou muito pra rolar umas mãozinhas de lá e daqui... e eu, dirigindo, e tendo que suportar tamanho desaforo.
Como sou fina e educada, eu não desci do salto e continuei a guiar, impávida... Mas meus sentimentos explodiam e queimavam dentro de mim, num ardor silencioso... E meu amigo, sendo confidente, bem sabia e imaginava o quanto eu ardia por dentro... E olhava bem pra mim... com um sorriso brincalhão, de quem aprontava uma travessurinha de infância... Mas sei que por trás daquelas gargalhadas eu sentia um certo sarcasmo perverso... de querer me provar o quanto o tal rapazinho era imprestável e vulnerável.
Isso tudo revelou sobretudo a natureza da personalidade sarcástica do meu amigo, por quem eu sempre tive tanta admiração... Vejo que esse terrível e traumático episódio ainda hoje povoa minhas neuroses de complexo de inferioridade... que sim, é problema meu e eu é que terei que trabalhar para resolver... Aquele momento foi duro... e esse complexo em relação a essa tal "amiga" ("colega" será mais adequado) continua... chega ao ponto de dar medo de aparecer com um namoradinho na frente dela... pq de tão linda, pode tudo... terrível!
Tenho mesmo é certa reserva com aquelas pessoas brincalhonas demais, sabe? Sempre me dá a impressão de que "brincar", "tirar sarro" vêm associadas com alguma forma de maldade, perversidade...
E perdoem meu excesso de seriedade e profundidade no trato com as pessoas ao meu redor... e pago caro por querer ser autêntica, verdadeira, muita sinceridade... tem gente que não gosta...

1 Comentários:

Blogger Betty N. disse...

Vick,

Definitivamente suas brilhantes e pragmáticas contribuições neste espaço são indispensáveis!

Depois de lido e refletido sobre seu post, revisei meus conceitos. Os meus próprios sobre mim e sobre meus sentimentos também. Obrigada por fazer parte das minhas reflexões, aleatórias pela diversidade dos temas, mas profundas... sempre!

Vou te invejar e adotar sua postura pragmática e de muito bom senso perante a vida!

Você é demais!

14/9/06 03:51  

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