domingo, dezembro 31, 2006

Fim de Ano 2006: Resultado do Balanço? Excelente!!!

Dia 30 de dezembro de 2006. Desci do ônibus e voltei caminhando sob a fina (mas molhada) chuva. Cobri-me com o capuz da jaqueta e talvez devesse até abrir o guarda-chuva. Mas eu não quis. Não era tanto por preguiça... ou era...? Não. Eu queria mesmo era me deixar tomar a chuvinha. Queria lavar a alma, esquecer as rusgas, as arestas mal-aparadas, os amores não-correspondidos, as implicâncias. Mas ao mesmo tempo queria que a chuva me molhasse com os sentimentos agradáveis e refrescantes de tudo o que foi de melhor.

Apenas duas quadras de caminhada me fizeram passar um filme do meu ano de 2006. Ano em que eu me formei locutora e ganhei um registro profissional na Carteira de Trabalho. Parece até besteira, mas ver um sonho sendo estampado... não tem preço! Agora é continuar a perseguir o sonho que apenas começou... Conheci rádio nos bastidores. Estagiei numa, visitei tantas outras... E passei a admirar ainda mais esse veículo de comunicação, ao conhecer os donos das vozes, meus ídolos e companheiros do dia-a-dia, deles, dos locutores que permitimos freqüentar nossa casa enquanto tomamos café, nos trocamos pra ir trabalhar, nos trazem informação, entretenimento e muito conforto pela companhia. Saber que tais vozes têm corpo e alma, saber que têm sonhos e imaginações, que transmitem alegria por sentirem prazer na performance da profissão escolhida por amor, é sobretudo muito fascinante, pois os ídolos não são meras figuras abstratas, têm data de nascimento, vão ao toilet para necessidades fisiológicas, têm dores de cabeça, choram e vivem a vida... São seres humanos! Os que a gente mais admira! Obrigada ao Ricardo Sam e Nilson Nil (http://www.radiofenix.net/), que me deram a oportunidade de começar do zero e conhecer uma rádio por dentro. Agradeço à Ana Martins (http://www.mixfm.net/), que me ensinou tanto de tantas coisas... à Sarah Regina(http://www.sarahregina.com.br/), que reencontrei após uma década, graças ao rádio, e que sempre me dá incessante apoio. Miriam Ramos, Fernando Gomes e Deborah Ízola, mestres-mor. Obrigada também a tantos outros comunicadores que eu tanto admiro e me permitiram conhecer seus trabalhos de tão perto, fazendo tudo com tanto amor e dedicação: Sombra, Domênico Gatto, Silvio Ribeiro, Rogério Morgado, Monika Leão, Beto Keller, Dimy, Benjamin Back, RG02, Portuga, Mano e Mano Cover, Cláudio Motta, Bá, Aline, Harley... profissionais cativantes(http://www.97fm.com.br/) mostrando seu trabalho de perto, de braços bem abertos. Foi sublime 2006! Amei poder chegar tão perto do rádio.

2006. Ano em que conheci Victor Meirelles. Escritor, colunista, designer gráfico, analista de sistemas, etc, etc, um multimídia por excelência, de quem virei fã ao visitar sua coluna semanal (http://www.clicerechim.com.br/colunistas-victor-meirelles.htm). Lá, ele faz um colunismo bem humorado, com textos bem elaborados, fotos criativas, tiradas que trazem uma presença de espírito fabulosa, e com temas tão recorrentes quanto polêmicos, e opiniões claras, contundentes, autênticas. Sua coluna tornou-se ponto de referência para minhas reflexões! Virou meu ídolo! Com nossos longos e incessantes colóquios e articuladas deliberações, ganhei diferentes visões de mundo, constatei muitos outros em comum, ganhei músicas novas em meu repertório, dei boas gargalhadas sobre outras tantas excentricidades mundanas, mas sobretudo conheci um ídolo com alma, que tem sensibilidade, que vive os sentimentos humanos de forma única, autêntica, uma pessoa feliz e que irradia felicidade aos que lhe cercam. Isso tudo fica transparente em seus textos... únicos, inteligentes, brilhantes, cativantes! E pasmem: escreveu sobre mim. Tão inesperado quanto surpreendente. Nunca pensei que ele me enxergasse assim... (coluna de 30/12/2006). (Vick exagerou!) Mas feliz foi pouco. Me senti lisonjeada... embriagada... lia e relia por não acreditar: "euzinha", na página de meu ídolo! (Arrasei)

Melhoria significante: passei a verdadeiramente impor limites. Me surpreendi como cheguei longe. Arranjei umas farpas aqui e acolá com gente querida, próxima, e amada, em nome de fazer-me entender até onde vai o limite de outrem para comigo. Isso se faz necessário, sob pena de, pela cerimônia, ficarmos calados, ruminando o amargor de uma ofensa, e decididamente não levo mais desaforo pra casa e nem quero ter câncer no futuro. Isso mesmo! Impor limites é crucial para a convivência pacífica em sociedade humana. Respeito. É bom. Altamente saudável e recomendável!

Coisas inesperadamente boas: recompor uma amizade ferida. Um vaso de porcelana chinesa rachado jamais será o mesmo, ainda que colando com Super-Bonder. Pode ficar esteticamente comprometido, mas poderá voltar mais firme. Perdão é bom doar, sempre que o tempo nos libertar. E quando há redenção. Por falar em redenção, amizade, lealdade... O Caçador de Pipas (The Kite Runner - Khaled Hosseini) - simplesmente eu li no final do ano, e foi muito marcante pelo seu relato tão cativante quanto realístico: talvez o melhor-livro-mais- apaixonante de todos os tempos!! Surpreendente, instigante, humano, inesquecível! Aqui, há uma história, uma estória, vários personagens, e dentre eles, certamente há aquele com o qual nos identificaremos de imediato e também oscilaremos o sentimento, querendo ser outro... Sobretudo, os sentimentos e as sensações que despertam em nós... em mim... são coisas indescritíveis. Para se ler e para se guardar para as próximas gerações.

Perdi minha avó materna. Faleceu aos 94 anos, cheia de amor pela vida. Ela, com quem passei uma noite no hospital falando de tantas coisas maravilhosas, me contou com tanto carinho e intimidade o quanto é bom ser mãe, avó e bisavó. Eu a amava. Mas pouco convivia. Entretanto, naquela noite eu aprendi que amor verdadeiro é assim, agente não precisa estar todos os dias, vendo, conversando, é algo tão transcendental que permanece ao longo da vida, e quando menos se espera, o sentimento está ali, tão sincero, simples, generoso, incondicional... No dia do enterro dela, eu soube o quanto amo minha mãe, pois vê-la sofrer a perda da própria mãe, chorando sôfrega, me fez entender o que é esse sentimento de "ser" mãe... Em 2006 eu ainda não "fui", mas aprendi muito de perto o que é "ser". Foi também após a viuvez de meu avô, hoje com 97 anos, que tive uma adorável tarde de colóquio com o próprio, que ama tanto a vida e nos contou que ficou triste com o comentário de seu médico que lhe garantiu chegar aos 100 anos tranquilamente... ele disse: "Poxa... fiquei triste... para 100 anos só me faltam 3! E passa muito rápido!" Isso é amor à vida. É ter paixão por viver.

Com tudo isso, aprendi a amar melhor. Amar meus pais e meus irmãos e poder dizer isso a eles, fazer declaração de amor. Minha sobrinha, Faby, de 6 anos, que recentemente começou a ler e a escrever, grafou em uma papeleta seu nome e telefone, e me deu: "tia, me liga! eu te amo!" Simples assim.

Tudo são flash-backs do ano que se finda, deixando um saldo muito positivo na balança. Foi um ano surpreendentemente ótimo. No final de 2005 eu desejei tudo de bom para mim, mas nem imaginei o quanto. Foi excelente! Absolutamente irrepreensível. Obrigada 2006!!

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quinta-feira, dezembro 21, 2006

O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini


Acabo de terminar de ler o romance O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini. Nunca li um livro maravilhoso e comovente como esse. Fez-me refletir sobre amizade, lealdade, traição, laços familiares, subserviência, remorso, redenção... um turbilhão de sentimentos e sensações tendo como pano de fundo uma história realista do Afeganistão dos últimos trinta anos. A gente se identifica com cada situação, mas com diferentes personagens em momentos diferentes. Devorei-o em poucos dias, enquanto viajava de casa pro trabalho e de volta para casa. Chorei em pleno metrô, várias vezes. A narrativa é viva, comovente. Chega a ser dolorosa. De dor de emoção... Dá vontade de reler... Mil vezes... "Por você, faria isso mil vezes!"

Cola fabricada de farinha e água

Há pouco, saltei do ônibus. Andava por uma quadra e os muros cercando o hipermercado estavam repletos de novos anúncios de eventos musicais. Pareciam ter sido colados há pouco, pois o excesso de cola ainda escorria parede abaixo. Dali veio um cheiro familiar... Sim! A cola que meu avô fabricava! Imediatamente pude me lembrar dos tempos em que éramos muito pequenos. Quando brincávamos de fabricar pipas, ou colar figurinhas nos álbuns, ou qualquer brincadeira que precisasse de cola, meu avô fazia a cola. Colocava numa panela velha, farinha e água. Ligava o fogão e aquecia a mistura. Nossa! Dava um montão de cola! Agente se esbaldava, pois dava pra usar à vontade. E tinha esse cheiro. Esse mesmo cheiro que eu senti hoje, o cheiro da cola fabricada de farinha e água do vovô. (Com isso, meu avô me ensinava o valor do dinheiro, que não era para se jogar fora. Pra que comprar uma Tenaz, se podíamos fabricar uma caseira? E sobretudo, além de economia, era... sapiência! Meu avô era um gênio! Ele sabia de tudo!)
E... inevitável... sempre que me lembro dele, meu grande herói de infância e de todos os tempos, sinto uma saudade indescritível...

sábado, dezembro 16, 2006

Minha primeira árvore de Natal

Minha primeira árvore de Natal... Minha "minha" (não "nossa"... dos tempos em que eu morava junto com meus pais e meus irmãos...) eu ganhei na semana passada. Dá pra acreditar?

Eu nunca fui muito entusiasta de montar árvores desde que passei a morar sozinha. Nunca pensei sobre o assunto. Mas agora o fiz, fui obrigada a pensar o porquê. Quando era criança, eu adorava ajudar meu pai a montar nossa árvore, sempre com pisca-pisca colorido. Terminada a montagem, ele sempre apagava as luzes da casa para nos mostrar o resultado. Era um entusiasmo! Nosso Natal era simples, sem pompas e nem circunstâncias, apenas um panetone, um jantar caprichado, mas nada de Missas do Galo e nem varar madrugadas acordados. Quando passei a morar sozinha, não sei por qual razão, eu nunca me interessei em adquirir um exemplar de árvore natalina. Primeiro, por falta de espaço, pois sempre morei em cubículos, apertamentos, edículas... em que uma árvore no ambiente tomaria o meu espaço e teríamos uma batalha interna... ou eu ou a árvore... Depois, há a questão tempo e disposição. A coisa de montar e desmontar... pensar nos enfeites... ai, que preguicinha... E, por fim, e talvez o motivo "peso 2" é a memória sentimental ligada ao ato de montar a árvore de Natal, que não é a mesma se eu a fizer sozinha. Não há a mesma alegria e comunhão que havia quando papai montava e todos nós ficávamos em torno a olhar... Isso ia fazer falta. Então, não repetir isso pra não sentir falta do resto seria até uma auto-defesa... sei lá... mil coisas...
Na semana passada, na segunda-feira, eu recebi uma caixa de presentes chegada de muito longe... de um grande amigo de alma e de espírito. A caixa era bem grande. Pensei: o que será que ganhei? Suspense. Ao abrir a tampa, jornais saltavam embolados, e dentro, bem-protegido, chegou ela... a minha primeira árvore de Natal só minha! Ela é linda, mede uns 40cm de altura. Chegou cheia de bolinhas douradas e vermelhas. E já veio montada! Oh! Que incrível! Coloquei-a sobre a estante do computador, então enquanto eu digito, estou olhando pra ela, e suas bolinhas ficam balançando o tempo todo, como se elas estivessem respirando o tempo todo...

Desde que a árvore chegou, eu olho pra ela várias vezes ao dia. Está bonita e traz uma sensação de aconchego. Até parece que o meu cubículo é mesmo um lar de verdade! Sob a árvore, convoquei meus mini-bichinhos de pelúcias, e vieram todos: meus dois mini-pandas, meu mini-cachorrinho, meu mini-mico e meu mini-esquilo. Todos estão passando as férias sob a minha árvore.

Aaaaaaiiii.... até suspiro... não sei explicar melhor. Estou tão feliz! Como consegui ficar tantos anos sem uma árvore de Natal minha? Só minha?

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Dizem que temos 7 vidas...

Dizem que temos 7 vidas...
Pois é. Se é que temos 7 vidas, ontem eu gastei a minha terceira. Na volta do trabalho, já na madrugada, o farol na Brigadeiro Faria Lima estava aberto para o pedestre (eu) e eu saí atravessando. Quando estava bem no meio da travessia, faltando-me ainda uma pista, veio um carro em minha direção em altíssima velocidade, com tudo, sem sinais de que ia parar... Entrei em pânico, e tudo o que consegui fazer foi levar as mãos ao rosto e gritar. Gritei apavorada. Gritei muito! Gritei pensando que eu morreria ali mesmo, sem nem ter cumprido metade das coisas que eu me propus cumprir... Morreria ali sem arrumar meu armário, sem mandar emails, sem participar das festas de fim-de-ano que estão pra chegar, sem conhecer novos amigos muito legais, sem ver minha sobrinha, sem experimentar a receita de panqueca, sem nem ter falado com meus pais...
Affe... Não sei como, mas meu grito de desespero surtiu efeito. O bêbado-louco-drogado-insano-imprudente motorista do veículo desviou o carro numa manobra radical a 2 centímetros de me pegar em cheio! Eu não conseguia nem andar mais. Minhas pernas ficaram trêmulas. O filho-da-puta quase me matou por ser um filho-da-puta!
Voltei pra casa traumatizada. Trêmula. Não conseguia chorar. Nem respirar. Mas sentia um alívio e uma felicidade indescritíveis!! Fechei os olhos e agradeci a tudo quanto foi entidade: primeiramente aos espíritos, nos quais acredito fervorosamente. Depois aos anjos-da-guarda de plantão, que davam uma cochiladinha... mas acordaram com os meus gritos ensurdecedores. Agradeci aos céus, a Deus, a Alah, aos deuses dos ritos africanos, a Buda, a Confúcio, aos deuses da mitologia greco-romana... e eu nem lembro mais a quem mais... sim... abri os olhos, e agora agradeci de novo por merecer mais umas vidas extras aqui, e ter tido a chance de ficar viva pra continuar essa jornada, perto dos meus pais, minha família linda, meus amigos, as árvores, os pássaros, a chuva, tudo... tudo o mais que eu adoro ver e vivenciar.
Não foi dessa vez... ehehehe... são sete vidas, afinal...

domingo, dezembro 03, 2006

The Guy in the Bus

Sunday, December 03, 2006

The Guy in the Bus
There is this girl, or better say, this woman, in her thirties, sitting on a bench at the bus stop, waiting for her bus to go home. Cool night in a lively big city, lots of cars on the streets late at night. She´s tired, her work day hasn´t been easy that day. A bit screwed up because her boyfriend hasn´t been a good guy to her, not nice, not paying much attention to her feelings, well... life is not that easy and perfect.

Her thoughts were somewhere else... in a sentimental journey, when suddenly a bus stopped. Not hers. Frustrating. Then, suddenly she raises her eyes and there is that guy, in his early twenties, sitting by the window, inside that bus. He smiles very gently and waives his hands to her. She looks around, thinking "oh, who´s this guy looking at?". Nobody next. The guy was smiling, waiving his hands "hello!" and very fast he kissed his left palm and he blew her a kiss. She smiled shyly, and she felt her cheeks to turn red. She turned her eyes down to the ground and was never able to raise her eyes back to him, a bit ashamed, thrilled, and happy. Immediately that scene reminds her of an episode from HBO Series Sex and the City, when the central character Carrie was living in Paris, and she was feeling bored because her boyfriend was having a busy life and she was wandering in the streets alone. One afternoon, she sits down on a bench by the Sene river and then there is a boat with tourists on. There is a tourist guy on the boat who has a video camera in his hands and he films her. And he waives her "hello" or "bye-bye". The scene is adorable, and my friend here thinks: "aw, is this life imitating art?"

In this big city of more than twelve million people, the busy life makes people bad-tempered most of the times, tired of the crazy life style, where time and money rules and no simple human affection is shown easily. And there it is, probably a tourist guy sitting by the window, waiving her hello and blowing a kiss, happily smiling! She could hardly believe. She was feeling ugly that day, tired, bored, and she had even hidden herself behind her pair of glasses, like a nerd.

As she told me this story, she asked me to blog it, and make it public, so maybe if sometime, somewhere that guy in the bus ever reads this piece of thoughts he may know that she´s saying thank you so much for that thrilling moment!