Nem sei por onde começar.
Primeiro, devo contar que se trata de rádio, portanto, algo que é minha paixão eterna. Depois, que a Rádio Energia 97,7Mhz (São Paulo) www.97fm.com.br tem um programa diário matinal, chamado Energia na Véia (não é veia, e sim véia) em que se tocam músicas "véias"... ou seja, o melhor do flash back, dos anos 70, 80, 90. No mesmo programa, tem a adorável personagem da "Véia" que é maravilhosa, hilária... "seu vagabuuuuundooo!" e faz charadinhas remetendo a temas desses tempos remotos. Seu apresentador oficial, é Silvio Ribeiro, um locutor tão amável quanto carismático, que é ídolo-mor, talento nota mil, alegria contagiante, que fala com os ouvintes, que ri junto com eles, que lembra de tudo "daqueles tempos"... manja das músicas... ah, sim! e o que é mais sensacional é o poder imagético do programa, Silvio é mestre! É programa imperdível. Eu já fui visitar o programa várias vezes desde os tempos em que estudava Radialismo no Senac, quando consegui mandar e-mail para a rádio e descobri o quanto eles (o Silvio, o Domênico Gatto, o pessoal da produção, todo o staff da Rádio Energia) eram receptivos com os alunos de radialismo e o mais legal: com os ouvintes! Eles aceitam ouvintes que enviam e-mails pedindo para serem "Netinho(a) da Véia", participando ao vivo, comentando as memórias dos "véios" tempos.
E, na segunda metade de janeiro de 2007, entrei em férias. Me ocorreu a idéia de visitar o programa de novo. No dia em que tive a idéia, mandei um e-mail para o Beto Keller que estava substituindo o Silvio Ribeiro, que estaria de férias até o final de janeiro. Beto Keller, sim! Ele que faz diariamente o noturno Night Sessions e Clubtronic (das 20:30 às 23:00) na Energia. O mesmo Beto Keller da Nova FM, da Transamérica, da Pool FM, et cetera... e dos tempos do Voyage Dance (TV Gazeta), quem não lembra? A verdadeira lenda viva do rádio, um ícone, um mito, um monstro sagrado do radialismo!! ("Vão pensar que sou velho!" disse-me quando o chamei assim. Nãaaaao, geeente, ele é novinho... é que o Beto Keller começou no rádio ainda criancinha, viu!)
Mandei e-mail e recebi resposta positiva para visitar. Só faltava marcar o dia. Eis que na terça, dia 30/1, ele anuncia no programa o meu nome, divulgando que eu estaria lá no programa da quarta participando como Netinha da Véia. Eu quase caí pra trás. Será?? Pensei logo que era uma Pegadinha do Faustão, do Mallandro, mas meus amigos que também ouviram o programa ligavam para perguntar se eu ia mesmo participar na quarta. Não acreditei! Então era verdade mesmo??
De terça para quarta, dia 31 de janeiro. Meu último dia de férias do trabalho. Talvez o mais feliz. Estava tão radiante e ansiosa que nem conseguia dormir direito. Me revirava. Imaginava... sorria... Era uma criancinha feliz às vésperas de ir conhecer Mickey na Disney.
Quarta cedo. Madruguei. Às 5 levantei. Antes das 6 já tomava o ônibus em direção à Paulista. Desci numa confeitaria, passei para pegar uns quitutes quentinhos... (que eu sei que os locutores da Energia adoram que levemos quando vamos visitá-los... quituites e guloseimas!)
6:40. Portaria do prédio 1439 da Av. Paulista. Aguardava pelo Beto Keller para subir. Lá vem ele. Nossa! Como eu me sentia perto de uma lenda viva? Belisquei o braço. Doeu! Primeira pergunta, só pra confirmar: - Então, é mesmo verdade que vou ser a Netinha da Véia?
Era verdade. Aí "aquela" dorzinha de barriga, umas ondas de calor e frio, de calafrio começam a tomar conta de mim. Desacreditei. Quase desmaiei. Que privilégio era poder ser uma ouvinte daquele programa, naquele dia, tão pertinho de um graaaande ídolo que juntamente com ícones como Domênico Gatto, Bob Floriano, Serginho Leite, Djalma Jorge, Beto Rivera, Emilio Surita...e muitos outros vieram e vêm construindo a história do radialismo.
Ali eu era só emoção. Nervosismo. Tremedeira. Nem sei o que eu falei. Eu soube o que era ser a criatura mais feliz do mundo. Conhecer Mickey de pertinho na Disneylandia. Sonho de toda criança. Sonho de todo adulto.
Sobre o programa, o tema do dia foi "Desenhos animados que mais marcaram", um prato cheio, quem de nós não tem memória de desenho animado? Ouvintes ligavam, animados como sempre, o Beto colocava algumas trilhas de desenhos antigos marcantes. Também relembrava com detalhes os velhos tempos de danceterias dos anos 80 e 90, contando estórias encantadoras. Chegavam mais ouvintes no estúdio para assistirem ao programa. Depois chegou o Dj Wagnão, que fez uma homenagem ao Beto Keller com um medley de 50 músicas sensacionais dos anos 90. Aquilo tudo era inacreditável! Sensacional! Inesquecível! Eu era nervosismo e felicidade num corpo só. Confiram com seus próprios ouvidos. http://www.mediafire.com/?7imtmz5mytz (link para baixar o programa gravado por Alex Tetra da Silva; basta clicar em "Click Here for Download") E sentirão o que estou descrevendo até aqui.
Mas... para refletir: qual é o sentido disso que aprendemos adorar e chamar de "ídolos"? Para mim, são pessoas que fazem algo maravilhoso, trazem alegria, bem-estar com o trabalho executado de forma diferenciada e sublime, têm talento nato especial, destacam-se na multidão por terem algo a dizer, por serem inteligentes, por saberem comunicar seu conteúdo, e o bem mais precioso enquanto seres humanos: aqueles com quem queremos aprender nem que seja um milésimo de tudo o que eles conhecem, pensam e fazem. E destes, os que nos permitem chegar pertinho, ver de perto o trabalho, que nos ensinam, que nos contam estórias, que nos fazem perceber que nunca devemos desistir dos nossos grandes sonhos, são os que a gente nunca esquece. Ficam perpetuados. Ficam perpetuados os sonhos, as estórias, as lutas vindouras, os momentos de risos, e eles, os seres humanos atrás dos ídolos e personagens.
Eu não poderia passar essa vida sem agradecer os céus, aos anjos, às energias cósmicas, à Enegia 97, por um dia de Netinha da Véia. (Foi talvez um dos momentos mais marcantes desde quando aos 10 anos, meu avô me levou à Rádio Jovem Pan 2 para buscar um LP que ganhei de sorteio... Ali vi uma rádio por trás dos vidros, que aguçou a curiosidade e a admiração de uma criança que viveria a vida perseguindo as emoções e as boas companhias das rádios!)
E Obrigada, Beto Keller!
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